Como a China, na Ásia, pode ser a principal produtora de peixes amazônicos no mundo?

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a China é, atualmente, a principal produtora de "red pacu" do mundo. O país asiático produziu 83,9 milhões de toneladas métricas de peixe com captura e aquicultura só em 2020.

Produzir peixe, por sinal, é a especialidade do gigante asiático que concentra 35% do comercializado no globo terreste. E, até aí, tudo bem, o grande problema é que o "red pacu" recebeu um outro nome porque, na verdade, ele é a Piratininga, um peixe típico da Região Amazônica e também encontrado em larga escala nos rios Tocantins e Araguaia.

Para se ter uma vaga noção do volume desse mistério, em 2020, foram produzidas 59,4 mil toneladas de pirapitinga no país de Xi Jinping. Na sequência, aparecem Colômbia (33 mil toneladas), Vietnã (23 mil), Peru (2,1 mil) e Brasil (1,8 mil).

Reportagem da BBC, que ouviu pesquisadores, afirma que a China, hoje, cria peixes ornamentais amazônicos, como o acará-disco, que só são achados por lá mesmo.

Mas, como essas espécies viajaram pra tão longe??

Essa complicada história remonta a Rio-92, quando o governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho (MDB), fez a "gentileza" de entregar um casal de tambaquis vivos para o então primeiro-ministro chinês Li Peng.

Os chineses, então, desenvolveram a espécie no país e se interessaram mais pelos produtos brasileiros, em especial, os da Amazônia. Afinal, é melhor produzir lá de graça do que importar a preços altíssimos.

Pois bem. Embora a lenda tenha sido amplamente divulgada e impossível de se confirmar - porque ambos os personagens principais já morreram - o fato é que o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, diz que a troca de conhecimento e informações entre China e Brasil começou ainda na década de 80, é legal, porém muito desigual e desastrosa para os tupiniquins.

- Houve uma troca, em que nosso país recebeu carpas e tecnologias para a produção desses peixes e, em troca, ofereceu materiais sobre algumas espécies nativas. E cada parte aproveitou as informações do jeito que quis. (...) A diferença, no caso dos peixes, é que a China resolveu transformá-los num produto comercial e ganhar dinheiro com isso - explica Medeiros.

Hoje, o tambaqui - entregue gentilmente pelo governador amazonense - já pode ser visto também nos Estados Unidos, Indonésia, Mianmar, Vietnã, Tailândia e Singapura e tem até variedades diversas.

O Brasil, embora possua a maior floresta do mundo, a Amazônica, o segundo maior rio do planeta, o Amazonas, tenha a maior quantidade de água doce da Terra e uma extensa costa litorânea, esbarra na dificuldade dos recursos destinados à pesquisa e tecnologia para produção em larga escala de mais proteína.

A China, mais esperta, recebeu um peixe, mas decidiu que aprender a "pescar" é ainda melhor! 

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