Colapso: Brasil não tem onde armazenar 118,5 milhões de toneladas de grãos


Com uma agricultura pulsante, próspera e acima das expectativas, os produtores brasileiros deveriam estar felizes com a colheita de 312,5 milhões de toneladas de grãos que farão na safra 2022/23. Mas, após a euforia tão esperada, os ruralistas ficaram preocupados: eles, simplesmente, não têm onde armazenar 118,5 milhões de toneladas.
- A capacidade estática de armazenagem de grãos é de 194 milhões de toneladas, frente a uma produção prevista para o Brasil de 312,5 milhões de toneladas de grãos - explica o presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini.
E os dados são alarmantes porque, a cada ano, esse déficit aumenta em 4,8 milhões de toneladas, enquanto que a produção do Brasil cresce em torno de 9,4 milhões de toneladas.
E isso não é tudo: os armazéns, inexplicavelmente, não ficam em áreas rurais. Cerca de 85% deles estão localizados em áreas urbanas, o que dificulta o transporte. Quando a capacidade de guardar todo o material finda, eles são amontoados em caminhões, onde há perda substancial do volume colhido.
- Chama a atenção que apenas 15% dos armazéns do Brasil estão localizados dentro das fazendas e 85% em áreas urbanas e ndustriais, o que dificulta muitas vezes a estocagem da produção assim que as safras são colhidas - lamenta Bertolini.

O Plano Safra 2023/24, do Governo Lula (PT), também não resolve o problema porque o agronegócio tinha solicitado um valor de, pelo menos, R$ 15 bilhões em investimento para a armazenagem. Mas, conseguiu apenas R$ 6,5 bi.
- O volume de recursos que será disponibilizado pelo Governo Federal no Plano Safra 2023/24, de R$ 6,5 bilhões, é positivo; embora, na prática, haja uma burocracia muito grande, o que acaba inviabilizando o acesso pelo produtor a esses recursos para a realização de investimentos - conclui.
A falta de espaço adequado prejudica a qualidade dos grãos, porque, muitas vezes, o produtor é obrigado a deixar o produto depositado a céu aberto; dificultando a comercialização da colheita.

A alta umidade é outro fator determinante porque prolifera a ação de fungos, responsáveis pela formação de bolor e mofo, chegando a fermentar os grãos.
- O problema com os fungos acontece de forma mais acentuada durante o período de armazenamento. Por isso, é importante que os grãos passem por um processo de secagem, para que sejam guardados com a umidade devidamente controlada - enfatiza o engenheiro agrônomo Roney Smolareck, da Loc Solution, empresa paranaense detentora da marca Motomco de medidores de umidade de grãos.
- Normalmente, a boa colheita determina o sucesso de uma safra, mas o produtor precisa estar atento às condições do grão na hora de entregá-lo ao comprador final - acrescentou o engenheiro agrônomo, informando que, no armazenamento adequado, o teor de umidade dos grãos não deve ser maior do que 13% ou menor do que 12%.
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