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Chuvas atrasam plantio de inverno e impactam culturas e criações no RS

O avanço do plantio das culturas de inverno no Rio Grande do Sul segue em ritmo lento. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar divulgado nesta quinta-feira (26/06), apenas 39% da área prevista com trigo foi semeada até o momento — um avanço de apenas 2% na semana — reflexo direto das chuvas intensas que superaram os 300mm em diversas regiões produtoras.

As precipitações causaram erosão, encharcamento e compactação do solo, prejudicando especialmente as fases iniciais do trigo, como germinação e emergência. Em áreas de solo arenoso ou relevo baixo, o replantio será necessário. A projeção estadual para o trigo nesta safra é de 1.198.276 hectares.

Impactos regionais no trigo

Na região de Bagé, especialmente em Manoel Viana, as chuvas causaram alagamentos e erosão severa, levando à perda de sementes, plântulas e fertilizantes. O replantio é inevitável em diversas áreas. Já em Ijuí, os danos foram menores onde houve cobertura de solo com culturas como nabo e ervilhaca.

Outras culturas de inverno também sofrem com o clima

A aveia-branca apresenta bom desenvolvimento, mas com folhas esverdeadas devido à baixa luminosidade. Há registro de acamamento em lavouras em floração, especialmente na região de Ijuí. A área prevista é de 401.273 hectares, com produtividade estimada em 2.254 kg/ha.

A canola teve a semeadura comprometida pelas chuvas, embora a maior parte da área esteja plantada. Em regiões como Frederico Westphalen e Santa Maria, a cultura está em diferentes estágios, do vegetativo à floração. A projeção é de 203.206 hectares, com produtividade média de 1.737 kg/ha, alta de mais de 22% em relação à safra anterior.

A cevada, por sua vez, foi menos afetada. A semeadura foi interrompida pelas chuvas, mas as lavouras já estabelecidas apresentam bom desenvolvimento, especialmente no Norte do Estado, onde os volumes de chuva foram menores. A expectativa é de 27.337 hectares plantados, com produtividade de 3.198 kg/ha.

Culturas de verão: colheita encerrada para soja e milho afetado pela umidade

A colheita da soja foi finalizada, com produção estimada em 13,25 milhões de toneladas, produtividade média de 1.957 kg/ha e área cultivada de 6,77 milhões de hectares.

Já o milho teve sua colheita prejudicada pelas chuvas, especialmente em áreas de agricultura familiar, onde o trabalho é manual. A qualidade dos grãos caiu devido à umidade excessiva e ao surgimento de fungos e grãos ardidos.

O feijão 2ª safra, com cerca de 2% ainda não colhido, sofreu perdas significativas. Em algumas lavouras, a colheita tornou-se inviável. Há relatos de germinação nas vagens e degradação dos grãos, comprometendo a qualidade comercial.


Criações enfrentam desafios com frio, excesso de umidade e falta de pasto

As pastagens cultivadas tiveram bom crescimento, mas a ausência de sol dificultou o pastejo e causou apodrecimento das folhas. Com o solo encharcado e o frio, o crescimento das pastagens nativas foi limitado.

Na bovinocultura de corte, o frio e a umidade afetaram o ganho de peso dos animais e aumentaram a demanda por suplementação alimentar. Mesmo com menor incidência de carrapatos, o manejo sanitário permanece intenso. O mercado segue estável, com boa demanda por animais de reposição e prenhes.

A bovinocultura de leite também sofre com a queda na produção. O excesso de umidade e a baixa luminosidade impactaram negativamente o pastejo. Há aumento nos casos de mastite, problemas de casco e doenças respiratórias, especialmente em propriedades com menor estrutura.

Ovinocultura e apicultura registram perdas em várias regiões

Na ovinocultura, os rebanhos da região de Bagé enfrentam perdas corporais, mortes por frio e enchentes, além de aumento nos problemas de casco. Em Soledade, os ovinos permanecem no campo nativo, com início da parição dos cordeiros, mas há baixa oferta para abate e pouca comercialização de lã.

Na apicultura, o cenário é desafiador. As chuvas e o frio reduziram a atividade das abelhas, floradas e produção de mel. Em regiões como Erechim e Santa Rosa, os produtores adotaram estratégias de sobrevivência dos enxames, como unificação de colmeias, suplementação alimentar e uso de coberturas plásticas. A colheita de mel está no fim em Pelotas e foi interrompida em Santa Maria por conta das enchentes.

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