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Abate de jumentos preocupa pesquisadores e acende alerta sobre risco de extinção

Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) indicam que 248 mil jumentos foram abatidos entre 2018 e 2024 no Brasil. A maior parte desse volume ocorreu na Bahia, estado que concentra os três frigoríficos com autorização do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para o processamento da espécie.

A demanda vem da indústria asiática de ejiao, colágeno extraído da pele dos jumentos e utilizado em suplementos nutricionais e produtos farmacêuticos. O aumento do abate coincide com o declínio acentuado do rebanho nacional, que caiu de 1,37 milhão de animais em 1999 para cerca de 78 mil em 2025, segundo dados consolidados da FAO, IBGE e Agrostat. O número representa apenas 6% do efetivo de três décadas atrás.

A tendência preocupa pesquisadores e entidades de proteção animal. Estudos apontam risco de extinção do jumento nordestino, raça adaptada ao semiárido e historicamente ligada à agricultura familiar da região. Em resposta, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) realiza, entre os dias 26 e 28 de junho, em Maceió (AL), o 3º Workshop Internacional – Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável, com apoio da ONG britânica The Donkey Sanctuary.

Durante o evento, será lançado o relatório internacional Stolen Donkeys, Stolen Futures (Jumentos Roubados, Futuros Roubados) e a campanha global Stop The Slaughter, voltada à preservação da espécie.

Tramitação de projetos de lei

No campo legislativo, duas propostas de proibição do abate de jumentos estão em discussão. No Congresso Nacional, o PL 2.387/2022 aguarda votação em plenário após passar pela CCJ da Câmara dos Deputados. Já na Assembleia Legislativa da Bahia, o PL 24.465/2022 também aguarda deliberação final após aprovação na Comissão de Constituição e Justiça.

Segundo Patrícia Tatemoto, coordenadora da The Donkey Sanctuary no Brasil, a extinção do jumento nordestino representaria uma perda significativa para a biodiversidade e para as comunidades rurais. “Há três caminhos sustentáveis: a preservação em áreas naturais, o uso no apoio à agricultura familiar ou a valorização como animal de companhia”, afirma.

Tecnologia como alternativa

Do ponto de vista técnico, o agrônomo e doutor em economia aplicada pela USP, Roberto Arruda, defende que o país pode adotar soluções de base científica. “Já existem métodos como a fermentação de precisão, que permite a produção de colágeno em laboratório sem o uso de animais. O Brasil pode se posicionar como líder em modelos produtivos mais éticos e sustentáveis”, avalia.

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