Caos no campo: javalis seguem devastando lavouras enquanto STF adia decisão sobre controle populacional


A indefinição jurídica sobre a legalidade da caça controlada de javalis segue em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto no campo os prejuízos se acumulam. Agricultores e pecuaristas enfrentam perdas severas com a destruição de lavouras e ataques a rebanhos em diversas regiões do país.
Originário da Europa, o javali foi introduzido no Brasil nos anos 1960 com fins comerciais, mas se tornou uma praga sem controle. Em Santa Catarina, por exemplo, os primeiros registros de invasões em plantações datam de 2009. Hoje, o problema se espalha por grandes áreas do território nacional.
Levantamento da Epagri-SC (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) aponta que em Campo Belo do Sul, no Planalto Serrano, os prejuízos com perdas no milho já chegam a 50 mil sacas por ano. O produtor Alex Monfroi afirma gastar parte do orçamento com equipes para tentar afastar os animais de sua lavoura, com perdas estimadas em R$ 150 mil anuais.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), há registros de ocorrências com javalis em pelo menos 563 municípios. No Paraná, são 88 cidades afetadas.
Os animais se deslocam em bandos de até 40 indivíduos e chegam a pesar 100 kg. São extremamente agressivos, de alta adaptabilidade e reprodução acelerada. “Eles comeram e derrubaram muito milho. Só conseguimos ver o estrago de verdade na colheita, com falhas em várias linhas da plantação”, relata o agricultor Mylton Casaroli Júnior, que perdeu cerca de 5 hectares.
Frente à gravidade do problema, a Comissão Técnica de Suinocultura da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) montou um grupo de trabalho com participação do Mapa, Ibama, Exército Brasileiro, Adapar e Associação Paranaense de Suinocultores. O objetivo é coordenar ações emergenciais para conter o avanço da espécie invasora.
Além dos prejuízos econômicos, os javalis também representam riscos sanitários. “Eles atacam cordeiros, bezerros e até filhotes da fauna nativa, como onças e felinos silvestres”, afirma Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Econômico da FAEP. Segundo ela, há risco direto à saúde animal e humana. “Esses animais são vetores de doenças como raiva e febre maculosa. Muitas vezes não morrem, mas transmitem para rebanhos e pessoas.”
Enquanto o setor aguarda uma decisão do STF, o campo continua exposto a um problema que já deixou de ser apenas ambiental e se tornou uma grave ameaça à segurança do agronegócio brasileiro.
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