Café de Torrinha recebe indicação geográfica e fortalece agricultura familiar no interior paulista


O Estado de São Paulo acaba de conquistar sua nona Indicação Geográfica (IG), sendo a quinta voltada à cafeicultura. Desta vez, o reconhecimento é para o café produzido no município de Torrinha, localizado no alto da serra "cuesta", acima dos 700 metros de altitude. A região agora passa a contar com o selo de Indicação de Procedência, conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), agregando valor ao produto e incentivando o associativismo rural.
A produção cafeeira em Torrinha remonta ao final do século 19, com a chegada de imigrantes europeus, e mantém até hoje raízes fortes na agricultura familiar. São cerca de 240 cafeicultores, a maioria pequenos produtores que residem nas próprias propriedades. O cultivo de café arábica é favorecido pelas características de solo e clima da região, o que garante um grão de qualidade diferenciada.
Segundo Francisco José Mitidieri, auditor fiscal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e especialista em IGs, o pedido de reconhecimento destacou não apenas os aspectos técnicos da produção, mas também a forte ligação cultural e religiosa da comunidade com a atividade cafeeira. “A religiosidade local tem papel importante na identidade da região e na valorização do cultivo”, comentou.
O processo de solicitação da IG foi iniciado em 2023 pela Associação dos Produtores de Café Natural do Bairro Paraíso do Alto de Torrinha (Cafenato), com o apoio do Sebrae-SP e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). O então superintendente do Mapa em São Paulo, Guilherme Campos, foi responsável por encaminhar o pedido às instâncias federais. “O reconhecimento por IG impulsiona o turismo rural, amplia mercados e aumenta a renda dos produtores locais”, destacou Campos.
Para o presidente da Cafenato, Ednir Mateus Spigolon, o selo representa um marco na história centenária da cafeicultura torrinhense. “Trata-se de um passo importante para que nossos cafés ganhem projeção nacional e internacional. Nosso diferencial está na qualidade, e não na quantidade, já que operamos com pequenas propriedades”, explicou.
As Indicações Geográficas são instrumentos de valorização de produtos com identidade territorial. Elas protegem o nome da região produtora, promovem o desenvolvimento sustentável e fortalecem cadeias produtivas locais. No Brasil, o Inpi é o órgão responsável por conceder a certificação, enquanto o Mapa atua no fomento à política pública.
Com o reconhecimento de Torrinha, São Paulo passa a contar com nove produtos certificados por IG: cafés da Alta Mogiana, Pinhal, Garça, Vale da Grama e agora Torrinha; além da uva niagara rosada de Jundiahy, calçados de Franca e Birigui, e a cerâmica de Porto Ferreira.
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