
A clonagem bovina tem se consolidado como uma estratégia comercial no Brasil, especialmente para animais de alto valor genético. Um exemplo recente é a Viatina, a segunda vaca mais cara do mundo, avaliada em R$ 21 milhões, que teve um clone gerado com sucesso após dois anos de tentativas.
A técnica, aplicada comercialmente no país desde 2010, apresenta uma taxa de eficiência de apenas 4%, segundo o pesquisador Maurício Machaim, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Machaim integrou a equipe que criou o primeiro clone bovino brasileiro, a bezerra Vitória, em 2001.
O custo de um contrato de clonagem pode chegar a R$ 100 mil, conforme informa Rodolfo Rumpf, diretor técnico do laboratório Geneal, especializado na área. No ranking das vacas mais valiosas, a Viatina está atrás apenas da Carina FIV do Kado, avaliada em R$ 24 milhões.
Processo e Cuidados
Embora a gestação de um clone seja semelhante à de uma prenhez natural, o parto necessita de indução e é realizado por cesariana. Isso ocorre porque, na maioria dos casos, o feto não rompe a bolsa gestacional sozinho, impedindo que o organismo da mãe inicie o parto naturalmente.
Os bezerros clonados tendem a ser mais delicados nos primeiros meses de vida, exigindo cuidados especiais. Por isso, clínicas especializadas só entregam os animais aos proprietários após completarem três meses de vida, quando os riscos são menores. O clone de Viatina, por exemplo, permaneceu sob cuidados em uma clínica de Uberaba (MG) antes de ser oficialmente anunciado.
Motivos para Investir na Clonagem
No Brasil, apenas o dono de um animal pode decidir cloná-lo. As principais razões para a prática incluem:
- Aumento de lucro: proprietários de bovinos valiosos podem comercializar mais material genético. Em maio de 2023, por exemplo, uma bezerra da Viatina foi leiloada por R$ 3 milhões. Segundo Machaim, a previsão é que a quantidade de descendentes da Viatina e seu clone dobre.
- Recuperação genética: caso um animal de grande valor genético morra precocemente ou não possa mais se reproduzir, é possível coletar suas células para clonagem. Essa técnica, no entanto, não pode ser utilizada em casos de morte por doença.
Regulamentação
Apesar de não ser ilegal anteriormente, a clonagem animal foi oficialmente regulamentada no Brasil em 2022 pela Lei 15.021. A legislação estabelece normas para controle, fiscalização e comercialização de material genético e clones. Apenas fornecedores registrados podem atuar no setor, e os clones devem ser identificados e monitorados ao longo de sua vida por meio de um banco de dados público, garantindo segurança genética e sanitária.
Com a crescente valorização dos bovinos de elite, a clonagem se firma como uma ferramenta estratégica para a pecuária nacional, permitindo que os criadores maximizem seus ganhos e perpetuem a genética superior de seus animais.
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