Frigoríficos Retaliam Carrefour Após Boicote a Carnes do Mercosul; Agronegócio Brasileiro Emite Nota de Repúdio
Na última sexta-feira, algumas das maiores empresas do setor frigorífico começaram a interromper o fornecimento de carne à rede de supermercados Carrefour e suas subsidiárias, como o Atacadão. A medida foi adotada como resposta ao boicote anunciado pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, às carnes de países do Mercosul, conforme publicado pelo Valor Econômico.
O boicote do Carrefour, anunciado na quarta-feira, é uma manifestação de apoio ao agronegócio europeu, principalmente contra o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, um tema que tem gerado controvérsia na política internacional. Bompard justificou sua decisão alegando a necessidade de solidariedade com o setor agrícola francês, que se opõe à assinatura do tratado, principalmente devido a preocupações com o impacto que ele pode ter sobre o mercado agrícola da França.
De acordo com fontes do setor frigorífico ouvidas pela reportagem, cerca de 30% das unidades do Carrefour no Brasil já enfrentam dificuldades no fornecimento de carne bovina. Além disso, fornecedores de frango também estariam sendo impactados, embora a carne suína não tenha sido afetada até o momento. O desabastecimento, embora não generalizado, tem gerado tensão entre as empresas envolvidas, com possíveis repercussões para os consumidores brasileiros.
A oposição de Emmanuel Macron, presidente da França, ao acordo Mercosul-UE também tem influenciado o cenário. Durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, o presidente francês reiterou sua preocupação com os efeitos do tratado, especialmente nas questões ambientais e no enfraquecimento do setor agrícola da França. Macron criticou a falta de um compromisso claro por parte do Mercosul em relação à preservação da biodiversidade e às questões climáticas, temas sensíveis para o agronegócio francês.
O Carrefour, por sua vez, afirmou em nota que não há desabastecimento em suas lojas e reiterou seu compromisso com os consumidores brasileiros. Em relação às empresas JBS e Frigol, nenhuma manifestação foi feita até o momento, enquanto Marfrig e Minerva informaram que preferem não comentar a situação.
Em resposta às ações do Carrefour, entidades do agronegócio e da indústria de alimentos do Brasil divulgaram uma nota na quinta-feira (21) criticando a posição do CEO do grupo francês, alertando para os impactos negativos de tais declarações nas relações comerciais entre o Brasil e a Europa.
NOTA DE REPÚDIO DO AGRONEGÓCIO DO BRASIL PARA O GRUPO CARREFOUR
“Em resposta às alegações do CEO Global da rede de supermercados Carrefour, Alexandre Bompard, as entidades abaixo assinadas manifestam o repúdio aos ataques proferidos contra a produção agropecuária no Mercosul. A produção de proteína do bloco econômico sulamericano chega a todos os países do mundo, incluindo os mercados mais exigentes, entre eles as maiores economias mundiais, como Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, China e Japão.
Periodicamente as empresas são auditadas e certificadas por centenas de missões sanitárias internacionais e também por clientes que confirmam a segurança de alimentos do que vai para cada destino. Entre as certificações obtidas por empresas do Mercosul destacam-se as do BRC (British Retail Consortium), principal referência global em qualidade quando o assunto é produção de proteína.
O bloco é líder mundial em exportação de carne de frango e bovina e está entre os principais na suína. Foram necessárias décadas para que o Mercosul por inteiro avançasse em sua reputação internacional como produtor de carnes. Com responsabilidade, o setor na região foi o principal fornecedor para todos os mercados durante a maior crise global de saúde pública neste século, a pandemia do coronavírus em 2020 e 2021.
Tudo isso demonstra a excelência da produção na região, num comprometimento que as entidades e associações que representam os 29 milhões de trabalhadores no agronegócio no Brasil reforçam dia a dia com a segurança alimentar e a qualidade do que chega aos consumidores em todo o mundo.
Portanto, se o CEO Global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês – que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano –, as entidades abaixo assinadas consideram que, se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país.
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