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SP vai expandir produção de lúpulo, o principal ingrediente da cerveja

Uma das bebidas mais consumidas no Brasil e no mundo, a cerveja vem contribuindo fortemente para economia nacional, gerando emprego e renda. Para se ter uma ideia da importância da bebida, em 5 de junho de 2012, foi instituído o Dia da Cerveja Brasileira. 

De acordo com os dados do Sistema de Comércio Exterior (Siscomex), o país é o terceiro maior fabricante mundial, com uma produção de 14 bilhões de litros por ano em mais de 1,8 mil estabelecimentos.

Vale destacar que um dos itens fundamentais na composição da bebida vem da agricultura: o lúpulo, que gera uma flor, usada pelos cervejeiros depois de moída, seca e beneficiada. 

"É o ingrediente agrícola mais valioso na produção, responsável por conferir amargor, aroma e sabor, além de ter propriedades antioxidantes, que atuam como conservantes naturais do produto”, ressalta o vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), Daniel Leal.

Mesmo com tamanha importância e valor, faz menos de uma década que a cultura começou a ser implementada no Brasil, cerca de 99% da produção ainda é importada de países como Estados Unidos e Alemanha, segundo dados levantados pela Aprolúpulo. 

Entretanto, os produtores rurais brasileiros estão apostando na variedade. Em 2023, o Brasil produziu 88 toneladas de lúpulo, mais de 200% acima do registrado em 2022 e, segundo a associação, a expectativa é de que, neste ano, o país se torne o maior produtor da América Latina.

“Acreditava-se que a ausência da cultura no país se devia às condições climáticas de carência de frio e excesso de calor. Contudo, na última década, os experimentos indicaram que a única questão restritiva era o fotoperíodo tropical, que conta com menor carga horária de insolação, comparados aos climas temperados. Para contornar isso, fizemos trabalhos de suplemento com iluminação artificial”, explica o agricultor do município paulista de Aguaí, Murilo Ricci.

O estado de São Paulo possui a maior quantidade de áreas cultivadas de lúpulo, com 27 produtores. A produção anual é de 14,5 toneladas, em uma área de 24,4 hectares com mais de 46 mil pés. Mas, Santa Catarina lidera em volume e área plantada. “São Paulo já mostrou que pode ser uma potência mundial no cultivo do lúpulo pelas suas características de solo, água abundante, clima favorável, fotoperíodo e infraestrutura de fornecimento de energia elétrica e logística”, frisa o agricultor.

Para Murilo Ricci, é notório o desenvolvimento gradual do setor, mas ele ressalta as adversidades e exigências mínimas para atender o mercado interno. “Como produtor, não tenho dúvidas de que conseguiremos produzir de duas a três safras por ano, com excelentes resultados de qualidade. Porém, um de nossos maiores desafios é atender ao volume demandado pelo mercado cervejeiro”, pontua. Segundo Ricci, os produtores de lúpulo paulista estão se organizando para formarem uma cooperativa, de forma a melhor atender as expectativas mercadológicas, desde as cervejarias artesanais até os grandes players do setor.

Para incentivar a produção e diminuir a dependência do mercado externo, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), em parceria com um grande grupo cervejeiro, aposta em um projeto de inovação e tecnologia com foco no desenvolvimento do lúpulo no estado. O objetivo da secretaria é criar o maior ecossistema de pesquisa, desenvolvimento e transferência de conhecimento. “Queremos incentivar o pequeno produtor a explorar a planta em um campo experimental dentro do estado, oferecendo capacitação e demanda para comercialização”, ressalta Guilherme Piai, secretário de Agricultura de SP.

Variedades

As variedades comerciais de lúpulo apresentam características importantes e diferenciadas quanto ao amargor e aroma presentes nos cones, elementos essenciais na composição dos diferentes tipos de cervejas. O desempenho pode variar muito de acordo com as regiões e manejos. Os principais tipos são: Alpha Aroma, Cascade, Centennial, Chinook, Columbus, Comet, Crystal, Hallertau Magnum e Hallertau Mittelfrueh.

São Paulo detém a marca de maior número de cervejas registradas e de estabelecimentos no país. De acordo com o Anuário da Cerveja 2024, no ano passado, foram contabilizadas 410 cervejarias paulistas, um marco histórico, com um crescimento anual de 5,9% e uma participação de mercado nacional de 22%.

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