Governo flerta com o controle do mercado e dos preços na agricultura, mas produtores rechaçam ideia

O ministro da Agricultura e Pecuária do Governo Lula (PT), Carlos Fávaro, está cogitando elevar o teor do etanol anidro na gasolina, de 27,5% para 30%; a fim de aumentar o consumo do milho e, consequentemente, melhorar o preço da saca para os produtores rurais.

Segundo Fávaro, a pasta estima que o Brasil produzirá cerca de seis bilhões de litro do estanol de milho na safra 2023/24 e a ideia do Ministério da Agricultura em conjunto com o de Minas e Energia é levar a proposta ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para colocar o plano em prática.

- É uma grande possibilidade. Isso, consequentemente, aumentaria o consumo de milho, pode puxar os preços um pouco para cima e garantir a viabilidade dos produtores - disse Fávaro, durante participação no Fórum Abramilho, em Brasília, nesta quinta-feira (17).

Outra alternativa para elevar os preços do produto que não estão cobrindo os custos, de acordo com o ministro, seria exportar para países que reduziram a produção em 2022 por motivos diversos e, agora, precisam do grão brasileiro.

- Caso todas essas medidas não se mostrarem eficientes na plenitude, claro que o Programa de Garantia ao Preço Mínimo deve ser ‘estartado’ (iniciado) pelo governo federal na medida do possível e nós estamos preparados para isso - avisou.

Alguns produtores que participavam do evento, no entanto, rechaçaram a ideia do governo de manipular o mercado e afirmaram que a solução ideal para o setor é ajudar os ruralistas a reduzirem os custos de produção e investir em infraestrutura.

- Política de preço mínimo, governo balizar os mercados, isso é muito ruim. Não é o que a gente quer. Tem que ser mercado livre, cuidar dos compradores lá fora, mostrar como nós produzimos aqui no Brasil e tentar melhorar esse ambiente, não com preço mínimo - discordou o empresário Juliano Schmaedecke.

- Nós tivemos anos atrás a conclusão da BR-163 ligando Sinop e Miritituba onde melhoraram os preços e deu viabilidade ao norte de Mato Grosso. E a rentabilidade do produtor vai melhorar com isso, que é investimento, principalmente em ferrovia - completou o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber.

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