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Pesquisadores desenvolvem amora-preta para produção de geleias e sucos

Desenvolvida com foco no processamento, a amoreira-preta BRS Ticuna chega ao mercado de frutas como opção para a produção de geleias e sucos. O tamanho do fruto é atrativo aos olhos, que aliado à acidez acentuada faz com que a cultivar ocupe um espaço para fins industriais. Um hectare pode render até 20 toneladas de frutas, o que a posiciona entre as cultivares mais produtivas e superior ao material de referência, a amoreira BRS Tupy.

A BRS Ticuna é uma cultivar de amoreira-preta (blackberry) obtida por hibridação controlada, altamente produtiva e testada nos mais variados ambientes e sistemas de cultivo. Foi testada principalmente nos estados da Região Sul do País, o que não significa que não tenha adaptação a outras regiões.

Essa novidade da pesquisa agropecuária foi lançada oficialmente na semana de 6 a 10 de novembro de 2023, durante a programação do 28º Congresso Brasileiro de Fruticultura, que ocorre em Pelotas (RS).

Desde 2018, ela vem sendo avaliada pela pesquisa nos Campos de Cima da Serra, numa parceria entre a Estação Experimental de Vacaria (RS), a Embrapa Uva e Vinho e a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS). O material foi apresentado há um ano aos produtores, para que conhecessem a nova cultivar e tivessem acesso ao material com os parceiros já licenciados para produção de mudas.

De acordo com a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, coordenadora do projeto que desenvolveu a nova amoreira, a cultivar tem plantas de porte ereto, frutas grandes e colheita mais tardia que a cultivar Brazos. 

“A sua acidez mais elevada limita a aceitação para consumo in natura e a direciona para a indústria, a qual, logicamente, paga menos em comparação ao preço obtido no mercado de frutas frescas. Para compensar, é importante que a cultivar seja altamente produtiva”, pondera.

O fato de as frutas não serem comercializadas in natura com facilidade pode desestimular o produtor a plantá-la, segundo Raseira. Porém, ela acredita que, além da produtividade superior, a menor necessidade de tratamentos fitossanitários nessa cultura é capaz de compensar economicamente o fruticultor proporcionando melhor retorno.

A BRS Ticuna, como a maioria das cultivares de amora-preta, é bastante rústica, sendo necessário o controle de ferrugem e cuidados com a mosca-das-frutas (Drosophila suzukii). A cientista relata que a cultivar é considerada resistente a doenças.

O pesquisador Rodrigo Franzon, conta que a nova variedade tem características similares às de outra amoreira, a Brazos, bastante antiga e introduzida do estado norte-americano do Texas. 

“A BRS Ticuna é mais produtiva, produz frutas mais firmes e apresenta menor reversão de cor das frutas após a colheita”, compara o cientista.

O especialista revela que a maior contribuição desse material ao mercado industrial é a acidez elevada do fruto, desejável para o processamento. 

“Isso diminui a necessidade de corrigir a acidez por meio de aditivos”, detalha Franzon.

De acordo com um dos produtores que testaram a cultivar de amoreira, ela se destacou pela sua produtividade.

 “Ela produz entre 20% a 30% a mais que as outras variedades BRS Tupi, BRS Caiguangue e BRS Guarani e tantas outras que se tem a disposição”, relata o fruticultor Roque Casset.

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