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Sob pressão do Planalto, e mesmo com inflação ameaçadora, Copom corta taxa Selic para 12,75%

Está ficando cada dia mais claro que a direção do Banco Central não vai suportar ainda por muito tempo a pressão do Palácio do Planalto, de boa parte do mercado financeiro, varejo e da indústria para manter a taxa básica de juros em nível seguro. O corte de 0,5 ponto percentual, aplicado nesta quarta-feira (20), pelo Copom (Comitê de Política Monetária), revela sintoma de fragilidade, apesar das afirmações técnicas.

O órgão colegiado, que tem forte atuação da representação do governo Lula (PT) desde a nomeação do economista Gabriel Galípolo e do servidor público Ailton de Aquino Santos para a diretoria do BC, em junho deste ano, decidiu baixar a taxa para 12,75% ao ano.

O próprio presidente Lula (PT), ministros e parlamentares condenam a política de juros do BC como culpada por baixos índices de crescimento da economia.

A redução de ontem foi a segunda redução consecutiva do mesmo percentual após sete reuniões do Copom e de uma série de acusações contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

A análise de economistas é de que a decisão do comitê seguiu expectativas reveladas pelo mercado e na linha defendidas pelo governo federal.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse o comitê em comunicado oficial, divulgado após a reunião, na noite desta quarta (20).

Também ontem, o FED Federal Reserve, dos Estados Unidos, decidiu por manter a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano.

Cobrança

O documento também menciona o cenário fiscal do país e a importância do cumprimento de metas estabelecidas pelo Ministério da Fazenda, de zerar o déficit primário no ano que vem.

Diz o texto: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.”

A meta do ministro da pasta, Fernando Haddad, é considerada ambiciosa por economistas porque o país poderá fechar este ano com déficit acumulado de R$ 145,4 bilhões.

O ceticismo ganha força com novos dados da inflação, divulgados pelo IBGE. O IPCA mensal de agosto registrou crescimento de 0,23% - abaixo das expectativas do mercado, que esperava 0,28%, mas que eleva a inflação acumulada para 4,61% - acima do centro da meta -, especialmente pela alta de preços de combustíveis e da energia elétrica.

O único dado econômico positivo, mais uma vez, saiu das exportações do agronegócio, que cresceram 6,6% no mês passado, com o melhor resultado para o mês na série histórica, e faturamento bruto de US$ 15,63 bilhões.

Projeções

O boletim do comitê mostra que a projeção para o IPCA deste ano passou de 4,84% em agosto para 4,86% na última segunda-feira (18). Para a inflação de 2024, a expectativa caiu de 3,89% para 3,86% e, para 3,5% em 2025.

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*Jornalista com passagem pela Folha de São Paulo, O Liberal, TVC MS, Diário da Região e Canal do Boi em editorias de Economia, Política e Agronegócio. Atua no rádio desde 1974 como diretor, produtor e apresentador. É colunista de sites e jornais do Estado de São Paulo e comenta as principais notícias do agro no canal Fator Político BR, no Youtube. @valdecir__cremon__oficial

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