Saída de produtores e redução de rebanho no mercado de leite preocupa especialista


O setor de produção de leite no país apresenta em 2023 um cenário preocupante com saída de produtores, especialmente médios e pequenos, e a redução do rebanho. Essa constatação foi feita pela pesquisadora Rosana de Oliveira Pithan e Silva, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Segundo a pesquisadora, o abandono da atividade e a concentração da produção, que até então ocorria basicamente na agricultura familiar, é um fator que vem crescendo no Brasil.
“É uma tendência mundial, que funciona como uma estratégia que busca maior eficiência, com necessidade de escala para reduzir custos e ter rentabilidade maior”, explica.
Atualmente, 2% dos estabelecimentos produzem 30% do leite do país. Como consequência, pode-se ter condução do mercado e diminuição da concorrência, atuando conforme interesse das empresas e, muitas vezes, com restrição da oferta de produtos e preços mais altos.
O ano de 2022 se destacou por altos preços que se intensificaram com a entrada da entressafra, o que comprometeu o consumo do produto pela população, devido a questões econômicas do país que se configuraram por um cenário de desemprego e queda de salários dos trabalhadores.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o grupo “Leites e derivados” teve grande variação (+22,1%), diante de uma inflação de 5,8% no ano.
Entre os principais fatores que influenciaram diretamente os preços praticados, redução da produção nacional com a baixa oferta de leite cru; alta dos preços dos principais itens da alimentação do gado (milho e soja); crescente abandono da atividade (desde 2021) com consequente queda da captação de leite pela indústria; o fenômeno La Niña que por três anos provocou seca intensa no Sul do país; a mudança crescente de parte do sistema produtivo do gado para confinamento, que exige maior volume de insumos alimentares; chuvas fortes na região Sudeste, que deixaram pastos extremamente úmidos; o conflito entre Ucrânia e Rússia, que trouxe distúrbios no mercado internacional.
Quanto à produção de leite industrializado, houve, em 2022, uma redução de 5% em relação ao ano anterior, com quase 1 bilhão de litros a menos, o que levou à necessidade do aumento nas importações em 26,3%, especialmente da Argentina e Uruguai.
A redução da produção de leite não é um fator isolado ao Brasil, mas vem ocorrendo em países como a Nova Zelândia (maior exportador de leite do mundo), que está com sua produção estagnada. Acontece o mesmo na União Europeia, e países da América Latina também têm tido crescimento pífio nos últimos anos. Apenas nos Estados Unidos tem havido aumento.
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Fonte: APTA